18.12.04

Mercadoria número cinco - Uma história que você precisa conhecer

Apesar deste post, não perca os 2 postes anteriores, que estão sensacionais. Blog é isso, minha gente, um monte de opiniões esdrúxulas com as quais ninguém concorda. Quer dizer, com as minhas o pessoal concorda, não tem aquele ditado "quem cala consente"? Vai ver o número de comentários que tem neste blog... Mas vamos lá.

Folha de alface? Folha de couve? Folha de beterraba? Folha de São Paulo? Afinal de contas, que raio de extrato é esse?!
Um assunto está agitando o Brasil secretamente e passando à margem do noticiário das grandes redes de televisão. Trata-se de uma polêmica em relação a maior empresa de refrigerantes do mundo, a Coca-Cola.
Porquê para muitas pessoas, o produto parece ser tão irresistível e tão superior aos seus concorrentes?... Isso causa estranheza em outras pessoas, que acabam preferindo o sabor guaraná, por sua maior identificação com este país (ainda que o resto do mundo não curta: a
Josta, lançada nos EUA em 1995 era à base de guaraná e foi um fracasso total, não sabemos se seria um refrigerante parecido com o atual Zon, da Antarctica.)
O fato é que muita gente - mas muita gente MESMO - anda assistindo na TV um programa que faz uma pergunta que está pondo o Brasil para pensar:
Qual é a origem do extrato vegetal?
E desde as Diretas Já, nunca uma polèmica nacional passou tão longe da TV Globo quanto essa.


Tudo começou com uma garrafinha
O que acontece? Graças a isso, um fenômeno vem agitando a indústria de refrigerantes, o fenômeno chamado Guaraná Dolly. Criado em 1987 como o primeiro refrigerante dietético do Brasil, ele já saiu e voltou várias vezes devido a estranhas brigas que acabavam recaindo em cima da empresa de Laerte Codonho, filho de um famoso compositor de jingles dos anos 40/50.

O que acontece é que em 2003, um ex-funcionário da Coca-Cola veio pedir emprego para ele, e acabou
falando demais, em uma conversa que foi toda gravada pelo circuito fechado que havia na sala de Codonho. Luiz Capistrano do Amaral revelou a Codonho que ele tinha uma missão dentro da Coca: acabar com a Dolly!! Então estavam explicadas algumas coisas, como terem "ressuscitado" uma empresa fechada dele para o terem acusado de falta de pagamento de impostos e um E-Mail mentiroso que era até afixado em ponto de ônibus, dizendo que Dolly dava câncer!!

Laerte Codonho não perdeu tempo, e partiu para o ataque - ou melhor, para a
defesa. Primeiro, contou sua história à Marcelo Rezende, então apresentador do Repórter Cidadão, da RedeTV!. E depois, viria mais uma cartada: a produção de um programa de televisão para revelar tudo sobre o tema, o programa 100% Brasil, apresentado por Marcos Barrero, um jornalista de posições bem definidas sobre certos assuntos, como a Coca-Cola, por exemplo... Não é a toa que ele, no Notícias On-Line, da sua AllTV, falava poucas e boas sobre o refrigerante.

Consegui assistir ao primeiro programa de todos. Esse programa sairia do ar, mas voltaria regularmente meses depois, com um monte de histórias surpreendentes. O programa já chegou a dar picos de audiência que o colocam ao lado de "Eu Vi na TV" como um dos mais assistidos da RedeTV!. O programa poderia ser aparentemente monótono: uma entrevista com 3 câmeras em um estúdio, nem sempre com produção de primeira. Mas quase sempre eu assistia do começo ao fim, sem pestanejar.


A porca torce o rabo: Mercadoria Número 5
nunca foi testada no Brasil em mais de 60 anos!

Duas entrevistas chamaram mais a minha atenção, e agora é que entra o negócio. Renato Cozzolino, deputado federal, conseguiu recentemente levar Brian Smith e Jorge Giganti - respectivamente presidente e ex-presidente da Coca-Cola no Brasil para uma CPI. E na CPI ele fez a eles uma pergunta que eles... não quiseram responder.
"Qual é a origem do extrato vegetal?"

O
Extrato Vegetal é um dos 7 ingredientes do concentrado da Coca-Cola (cafeína, favas de baunilha, extrato de noz de cola, ácido fosfórico, óleos essenciais, etc.), o concentrado que vai para a engarrafadora que coloca açúcar, água, gás carbônico, etc. e faz o produto final - ou o concentrado, já com açúcar, vai para o post-mix ser misturado com água e gás, nos fast-foods e lanchonetes.
Segundo a literatura especializada, a Coca-Cola diz que o segredo da fórmula seria a mercadoria número 7, os "óleos essenciais". Mas não parece. O grande segredo paira mesmo sobre o extrato vegetal, conhecido como
mercadoria número 5. Ninguém sabe ou ninguém diz do que é feito.

Por quê? Simples. O extrato vem dos Estados Unidos para o Brasil, e aparentemente é distribuido daqui para o resto da América Latina. Esse extrato, segundo reportagem da Veja de 1988 (constantemente exibida pelo programa 100% Brasil), seria fruto de uma empresa, a
Stepan Chemical Company, que compra folhas de coca da Bolívia, da Empresa Estatal de la Coca - uma compra legal, totalmente autorizada pelo governo norte-americano.

Portanto, suspeita-se que esse extrato tenha origem na
folha de coca. Mas como provar? Porquê a Coca-Cola dá mais dribles que Garrincha e Robinho juntos na fiscalização há mais de 60 anos, fora quando algum funcionário público mais "certinho" acaba sendo estranhamente demitido. Foi o que disse um ex-funcionário da Coca-Cola ao 100% Brasil, Placídio Mendes, que era exatamente o responsável pela importação da mercadoria número 5.
Apesar da transação ser legal lá nos EUA, no Brasil, uma lei de 1938 que especifica o que são substâncias entorpecentes proibidas, proíbe
folhas de coca e suas preparações - o que já proíbe a cocaína, e poderia vir a atingir o refrigerante, caso a Mercadoria número 5 um dia chegasse a ser testada e fosse provada a existência de outras substâncias vindas da folha de coca!

"Alguma substância derivada de folha de coca" não é necessáriamente cocaína.
O deputado Cozzolino mostrou literatura especializada no 100% Brasil, que diz que a cocaína é apenas
uma e a mais conhecida de várias substâncias presentes na folha de coca, chamadas alcalóides. O que acontece é que eles, quando entram em contato com a mercadoria número 4, o ácido fosfórico, são totalmente modificados e acabam se tornando indetectáveis em qualquer exame para buscar vestígios de folhas de coca ou mesmo de cocaína. Mas, que, mesmo assim, mantém todas as suas propriedades - entorpecentes, inclusive.

Por isso, não é possível fazer esse exame com uma garrafa ou lata de Coca-Cola - nela, o extrato vegetal já se misturou ao ácido fosfórico. Esse teste teria de ser feito com ela, a Mercadoria número 5, da forma como chegasse dos EUA. E é isso que a Coca-Cola deseja evitar com toda a sua alma e espírito.

Para evitar exames como esses, o ex-funcionário Placídio Mendes, entrevistado pelo 100% Brasil, diz que sempre tinha uma "amostra" que chegava pronta dos EUA para ser analisada - claro, com outra coisa que não era o produto que vinha nos tonéis. Ou então, nem analisavam nada, "soltavam um maço e carimbaço", como diria o personagem de Milton Gonçalves.

Pra fechar a zaga... em 1985 a empresa, nos EUA, lançou um produto chamado
New Coke, que seria a Coca-Cola sem a tal da mercadoria número 5, e que pretendia substituir o refrigerante tradicional. O produto foi um retumbante... FRACASSO! Por que será, hein? (De repente, o produto se pareceria com seus concorrentes do mesmo sabor, como Dolly Cola, Pop Cola, Paraná Cola, Pulp, etc... cuja fórmula é conhecida e não apresenta qualquer suspeita, mas não parecem tão "agradáveis"......)

E agora, José? Foi tudo colocado em pratos limpos. O que a CC tenta esconder, ao tentar evitar de todas as formas possíveis e impossíveis que se colocque em laboratório a Mercadoria número 5, tal qual chega dos EUA?
(E se o refrigerante é lícito, igual a todos os outros, porquê muita gente toma no gargalo garrafa de 2 litros de Coca-Cola ao invés de fazer o mesmo com outras marcas?)

Ah, faltou explicar porquê a
Dolly vende tanto... O segundo refrigerante mais vendido do Brasil já foi a Antarctica, já foi a Pepsi, mas hoje é a Dollyl! As fábricas do refrigerante, se bobear, são mais limpas que as da Coca, o dono da empresa conseguiu dominar os verdadeiros macetes do negócio, como fixar o gás no refrigerante, e o produto tem um preço justo em reais, não é como a CC, que tinha o mesmo preço no Brasil que custava em dólar, como se o produto fosse importado. Fora isso, todas as garrafas da Dolly são de plástico, muito mais barato, e que para ser reciclado precisa de menos água do que para reciclar vidro. As famosas garrafinhas ostentadas por Rafael Vanucci nos comerciais tem 300 ml, o mesmo que a aparentemente "imensa" garrafa da Coca-Cola de vidro, talvez até mais.
E o público, nos pontos de venda que assinavam exclusividade com a CC notava, sim, a ausência da Dolly, que conquistou muita identificação com os pequenos comerciantes, tratados como se deve pela empresa brasileira.

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